segunda-feira, 21 de julho de 2008

O problema

Muitas pessoas não sabem o que está acontecendo, e nem como aconteceu.
O problema que eu tenho o direito de escolha, felizmente e infelizmente.
Felizmente, porque agora irei cursar o que gosto e o que quero.
Infelizmente, porque terei de sair da minha cidade, deixando família, namorado e amigos que amo.

Eu poderia muito bem não ter escolha, ficar aqui, continuar com a Química aos troncos e barrancos, choramingando pelos cantos, amaldiçoando os professores das exatas, andando no sol puta da vida naquela federal, procurando aulas e salas, ficando sem comer, ir trabalhar ganhar só o mínimo e ainda por cima estar a mercê da politicagem, eu poderia, poderia esperar meu pai todos os dias nos próximos quatro anos, esperar que ele fosse me pegar no final da aula todos os dias como ainda faz. Eu poderia terminar Química e ir dar aulas, ouvir reclmaçãoes de pais e mães no final do ano, morrer de calor nas salas de aula, poderia. Quando o fim de semana chegasse, iria ver meus amigos, iria para os botecos no final do expediente, iria assistir o filme romântico, dramático do lado dele, do lado dele.

Mas não, eu fui escolher ser alguém justamente quando o curso que eu queria não tem nesse Estado. Como faz? Faz Química, aí espera um pouco, ganha algum dinheiro e faz vestibular de novo.

O problema é que eu me adiantei, fiz vestibular antes mesmo do primeiro semestre terminar, aliás, antes mesmo de terminar eu já tinha trancado o curso, desistido de vez.
Mais um problema: o vestibular que eu fiz foi em outro Estado.
Mais um problema: eu passei no vestibular.
Mais um problema: não é federal, é particular. Fudeu! (ou não!, diria Cleber)
Um alívio: Consegui a porra da bolsa, depois de idas e vindas.

É claro que antes disso teve uma longa história e decisões a tomar.

Tinha saído o edital da UFAM, só que era o edital de verão, só tem cursos para os interiores do Amazonas. E o curso que eu queria fica a 300km de distância de manaus, isso de barco, porque estrada mesmo nem se fala. Um dia inteiro de viagem até lá. Parentes? Amigos? Eu só achei um conhecido de uma tia minha. Arrumei contatos e disse: mãe, saiu o edital, vou fazer minha inscrição, consegui um local pra ficar. E eu ia mesmo.

Acontece que eu ia pra baixa da égua, sem emprego, sem dinheiro, sem família, e muitos menos morar com consaguíneo. Arruma lá, ajeita aqui. E acabei fazendo o vestibular de uma faculdade de Manaus mesmo, os gastos seriam os mesmos ou maiores. Não fui, e achei até melhor porque é longe da porra a cidade que eu ia morar. Agora irei ficar na casa de parentes. Não vou pagar aluguel, não vou pagar a comida, não vou pagar contas de água, luz, telefone e os careleos. Vou pagar o ônibus, isso sim, todos os dias.

Posso voltar a Boa Vista uma vez por mês se eu quiser. Isso se arranjar um emprego lá.
E essa foi a bendita escolha.

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